COMO DISTRIBUIR OS AMBIENTES DO PROJETO EM RELAÇÃO AO NORTE E AO SOL.
Todos nós sabemos da importância do sol em nossas as vidas e os benefícios que ele traz à saúde. Quando falamos de um projeto arquitetônico, não podemos deixar de levar em conta essa importância, distribuindo os ambientes a ponto de se extrair o potencial dessa insolação. Soma-se a isso a importância também da ventilação dos ambientes, que deve proporcionar conforto e climatização adequados à proporção volumétrica do cômodo (para isso existem os coeficientes de iluminação e ventilação, correto?).
Visando projetar ambientes sustentáveis, devemos distribui-los no projeto de forma a obter o máximo de aproveitamento da iluminação natural em relação ao Norte e ao sol, economizando energia elétrica tanto para ventilar, quanto para iluminar, e também em busca da sensação de conforto.
A influência da luz do sol na posição dos cômodos em uma residência é um fator muito importante que deve ser observado sempre, pois alguns ambientes, se não posicionados corretamente na planta, podem se tornar um eterno problema para os moradores. Como se sabe, o sol da manhã sempre é o mais saudável, além de mais ameno… já o sol da tarde, mais intenso, serve para aquecer o ambiente e mantê-lo aquecido no período noturno.
Por isso, a climatização natural deve ser priorizada sempre que possível. Claro que há casos em que não conseguimos atingir o ponto ideal em todos os cômodos, mas uns detalhes importantes devem sempre estar na mente de quem projeta:
– o sol da manhã é sempre indicado para os dormitórios e as salas e, em alguns casos, onde há ocorrência de pouca ventilação, como os banheiros, porque a falta de ventilação afeta diretamente a climatização: o ambiente onde há menos ventilação, tende a ser mais quente;
– o sol da tarde é mais potente e mais duradouro (principalmente no verão), portanto deve ser dobrada a atenção e o cuidado ao projetar o ambiente cuja face receberá o sol da tarde, principalmente em regiões mais quentes.
Assim, como as diferenças entre o sol da manhã e o sol da tarde são bem significativas, sempre que possível devemos optar por posicionar voltados para o Leste os cômodos com menor necessidade de calor e, para o Oeste, os com maiores.
Sempre que for iniciar um projeto, tenha em mãos o levantamento do terreno onde o Norte está indicado e visite o local da obra para conhecer a real situação como a interferência de sombras, por exemplo. Devemos lembrar, também, que sempre temos “dois Nortes”, o magnético e o geográfico. Sempre leve em conta o Norte geográfico, que é posicionado geralmente a 20 graus à direita do Norte indicado pela bússola.
A seguir, veremos resumidamente como posicionar os ambientes de acordo com os pontos cardeais, baseadosna orientação solar do Hemisfério Sul, mais especificamente o Brasil:
Na face Norte, os ambientes recebem sol quase o dia todo, entretanto, no período do verão a posição do sol é mais alta que no inverno, o que significa que os ambientes ficarão mais aquecidos durante o inverno. É uma orientação recomendada para ambientes onde se pretende habitar durante o dia, como salas de estar.
A face Sul é considerada a pior face para se colocar ambientes onde a insolação é necessária, pois é a face que menos recebe sol durante o ano. E, seguindo o mesmo raciocínio, no inverno, quando o sol está mais baixo, é inexistente nessa face e bem moderado no período do verão. É uma face onde geralmente são colocadas as cozinhas.
A face Leste é aquela onde o sol nasce e, dessa forma, é banhada pelo sol da manhã, em tese até o meio dia (vai depender da estação do ano). É a face recomendada para os dormitórios, pois eles não recebem o sol da tarde, aquele que, como já dissemos ,costuma aquecer demais os ambientes.
A face Oeste recebe a insolação de toda a tarde, o que acaba por deixar os ambientes aquecidos por mais tempo. Em algumas regiões mais frias do país, isso até pode ser um elemento interessante, mas, via de regra, é uma face que pede a intervenção de elementos arquitetônicos, como brises, platibandas ou extensos terraços. Assim, voltados para o Oeste devem ser posicionados os ambientes em que a permanência é menor, como áreas de serviço, banheiros, garagens e corredores.
Outras observações importantes antes de se orientar o projeto:
Se a região da edificação é quente, procure não posicionar a janela dos quartos na face Oeste, pois esse cômodo receberá o calor do sol durante toda a tarde e, à noite, o quarto estará quente e abafado.
Ao contrário, se a região é fria, o mais indicado é que a janela do quarto esteja voltada para a face Oeste, exatamente para se tirar proveito desse aquecimento.
Os dormitórios de crianças pequenas NÃO devem ter a janela voltada para a face Sul, pois, do contrário, não receberão a luz do sol e serão quartos escuros e úmidos.
Sempre leve em conta que as cozinhas e banheiros são ambientes ricos em matéria orgânica, por isso deve-se ter cuidado com a insolação, para evitar os efeitos nocivos produzidos por fungos e bactérias, que se proliferam principalmente em locais úmidos e quentes. Nesse caso, uma boa ventilação também colabora para um ambiente hígido, sem potencial nocivo à saúde.
Se no seu projeto está previsto uma piscina também, esta deve ser colocada de forma que ela receba sol o dia inteiro ou na maior parte do dia, levando-se em conta as possíveis sombras que o entorno possa gerar.
Embora saudável, a luz do sol em excesso pode incomodar. A utilização da cor clara nas paredes externas diminui a incidência de raios solares. Soma-se a isso a utilização da vegetação para amenizar esses efeitos.
Estudo de insolação feita no Revit com base no hemisfério norte. – Autodesk 2011.
Observações finais: O texto acima exposto tem a intenção de ilustrar o posicionamento dos cômodos em relação ao pontos cardeais (NBR 15.575/2013 (Norma de Desempenho) sem entrar no mérito técnico das aberturas constantes na ABNT e nas legislações municipais que são de suma importância também na concepção de um projeto e serão objeto de um próximo artigo. O posicionamento inclusive, tem variações de região para região no país e aqui colocamos um estudo geral para o texto não ficar excessivamente longo.
Fontes: construir.arq.br
Comments